quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O BONECO DE NEVE (Poema de Isabel Furini)

O boneco de neve é de chocolate 

branco cremoso. 

E é muito gostoso! 

 

O gorro e a echarpe são de morango,

a neve é de coco ralado, 

os braços são de brigadeiro, 

os botões são de avelã com chocolate preto. 

 

O bolo enfeitado é muito apreciado 

nas festas do final de ano. 

Viva o NATAL!!! 

 Poema de Isabel Furini, autora de "Joana, a Coruja Filósofa" da editora Sophos. Desenho: GOTARO (CÉSAR MERINO RODRIGUEZ) Gotaro trabalha como ilustrador autônomo em Madri, Espanha, e-mail:gotaro.cm@hotmail.com

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DIOGO, O PATINHO FEIO

- Esse desenho é de Marco Teixeira do Estúdio Teix.

CONTO DE ISABEL FURINI

– Patinho Feio, se tocar minhas revistas vai apanhar.
– Patinho Feio, se mexer na minha bicicleta vai levar chute.
– Patinho Feio, fora do meu quarto!

Marcelão era o irmão mais velho e sentia prazer, verdadeiro prazer em ofender Diogo, o caçula da família. Na verdade, ninguém o chamava de Diogo, todos o chamavam pelo apelido de Patinho Feio: os vizinhos, os amigos, a família. Achavam que era um menino diferente. Coitado! Era magricela, com aqueles braços e pernas fininhas, como cordas de pular ou talharim. Até a empregada tinha pena dele.
Diogo não era feio. Seus olhos eram claros e seu olhar inteligente, mas a sua voz, um pouco aguda, incomodava os irmãos, dois grandalhões arrogantes, estrelas do futebol na escola.

Diogo, além de magricela, além de desengonçado, era ruim de bola. Susana, a mãe, também o achava estranho. Ela nunca disse nada. Queria na verdade ajudar o filho, mas nem sabia o que fazer.

Em um domingo de manhã, dona Susana arrumava a cama de Diogo quando algo embaixo do colchão chamou sua atenção. Correu para mostrar ao pai do menino.

– Sabe o que encontrei embaixo do colchão do Diogo?
– Uma revista de mulher pelada!? – perguntou o pai.
– Não, claro que não! Olhe! Diogo escreveu um caderno inteiro de poesias e escondeu debaixo do colchão.
– Escute este poema: Marcelão, o Troglodita.

Meu irmão o troglodita,
sempre comilão,
queria engolir
as asas de um avião
com batatas frita e macarrão.

– Poesias, Susana, poesias – esse menino precisa de mais garra, mais raça! De nossos quatro filhos é o único que não quer jogar futebol – reclamou o pai.

E era verdade. Até Miranda, a irmã de Diogo, estava na equipe feminina de futebol. Mas o Patinho Feio, digo... Diogo, vivia a sonhar, gostava de ler, de escrever poemas e também era viciado em computador. Um verdadeiro nerd! – comentava Marcelão.

– Sou o único intelectual desta casa – reclamava Diogo para seu amigo Guilherme.

O computador foi o presente que mais apreciou na vida. Presente de aniversário do tio Roberto.

O quarto de Diogo era pequeno. O quarto maior era da Miranda. Ela guardava todas as bonecas e bichos de pelúcia que tinha ganhado desde bebê. Seu quarto tinha estantes e mais estantes com bonecas.

Já os quartos de seus irmãos Marcelão e Jaime eram do mesmo tamanho. Eram quartos desordenados, roupas no chão e bolas de futebol, vôlei e basquete por todos os cantos. O quarto menorzinho ficou para Diogo, um quarto cheio de livros e brinquedos de montar, além do computador.

– Família de esportista é chata! – pensava Diogo, deitado na sua cama. Percival, o gato branco, estava deitado ao seu lado.

Diogo não tinha com quem conversar, até a mãe achava estranho que Diogo só gostasse de desenhar e fazer rima. “Coloca o boné.”, pedia a mãe. Diogo respondia: “Boné é para Saci Pererê”.

Se a mãe dizia: “Hoje vamos comer rabada”. O Diogo inventava: “Meus irmãos vão comer rabada e depois vão jogar uma pelada”.

– Jogue pelada você também – pedia o pai.
– Eu não jogo peladas,
porque nas peladas
os maiores dão pancadas
e os pequenos machucam os joelhos
e doem como facadas.

Quando a mãe o mandou ao mercado para comprar um pé de alface para a salada, Diogo começou a inventar:
“O pé de alface
jurou que chutaria
quem se aproximasse.”

Por essa sua mania de fazer rima, os irmãos não gostavam dele e o chamavam de Patinho Feio. Era “Patinho Feio, não amola! Patinho Feio, saia de meu quarto!

Na sala da casa, perto do sofá azul, havia um móvel de madeira lustrosa com estantes cheias de troféus conquistados pelos seus irmãos esportistas. Diogo nunca havia ganhado um troféu. Ele era diferente. A mãe tentava entendê-lo, mas tinha tanto trabalho. Ir ao mercado, fazer a comida e à tarde ajudar o pai no escritório.
Os pais trabalhavam, os irmãos iam ao clube e o Diogo ficava em casa. Nesses dias tinha lido vários poemas e estava inspirado.

– Não conte para ninguém, Guilherme, mas eu quero ser escritor – confessou para seu melhor amigo.

Na terça-feira, os irmãos saíram e Diogo ficou em casa. Só estavam a empregada e ele. “Quero que limpe o porão”, tinha pedido dona Susana depois do almoço, antes de sair para o trabalho.

– A casa é muito grande, senhora, não sei se vai dar.

– Por favor – pediu dona Susana – Deixe a roupa para passar amanhã.

– Tchau, Patinho Feio – disse Marcelão, entrando no quarto de Diogo sem bater, rápido como uma ventania, e pegando da gaveta do criado-mudo a última mesada que sua mãe lhe dera.

– Esse dinheiro é meu! – gritou Diogo.

– Venha pegar então! Venha que vai receber um soco. Tchau, Patinho Feio. Faça karatê em vez de escrever poemas e poderá defender sua mesada, bobão.

Marcelão e Fernando desceram as escadas correndo. Diogo ficou triste. Sentia-se bobão mesmo! Já fazia tempo que seu irmão pegava emprestada quando queria a sua mesada. Só que não devolvia.

Quando terminou de lavar os pratos, Tânia desceu ao porão e Diogo foi atrás. Fazia dez anos que Tânia trabalhava na casa. Cozinhava bem, mas era respondona e mal-humorada e não suportava as reclamações do Diogo: “Marcelão é abusado. Um grandalhão metido a besta”.

– Seus irmãos não vão mudar, você tem que mudar – afirmou Tânia.

Diogo não disse mais nada. Ficou vasculhando no porão. Na velha arca escancarada, em caixas. Nela tinha de tudo: revistas antigas, vestidos, latas de tinta, pincéis, cortinas, jornais, um baú com álbuns de fotografias antigas e até livros.

Com as folhas úmidas, amareladas, encontrou um livro de capa azul: “Poemário” de um tal de Diogo Armando Walter da Silva. Abriu-o e deleitou-se lendo os poemas.

– Você sabe quem foi esse Diogo? Foi o avô de sua mãe, ou seja, seu bisavô.
– Como sabe?
– Eu trabalho nesta casa desde antes de você nascer.
“O livro de meu bisavô...”, pensou Diogo e sentiu-se feliz. Ficou mais feliz ainda quando Tânia aproximou-se com uma caixa de papelão.
– Olhe! – ordenou.

Diogo abriu-a. Havia seis troféus, algumas medalhas e vários diplomas de seu bisavô. Os diplomas estavam um pouco comidos pelas traças, mas os troféus e medalhas estavam em boas condições. Um pouco escurecidos pelo tempo.

Diogo foi até a lavanderia e pegou o limpa-metais. Passou a tarde lendo e limpando os troféus e os medalhões do bisavô materno. Quando seu amigo tocou a campainha, Diogo desceu correndo e falou dos poemas e dos troféus.

– Puxa vida! – exclamou – como gostaria de ter conhecido o único poeta da família.

No horário do jantar as conversas de sempre: esportes.
– Mãe, vi livros, troféus e medalhas de Diogo Armando Walter da Silva. É verdade que ele foi meu bisavô?
– Ah! Você achou... Sim, ele era meu avô – disse a mãe – eu gostava dele, lembro que uma vez fez um poema para mim.

Depois do jantar a família reuniu-se na sala para assistir televisão. Diogo ficou com a mãe na cozinha olhando as fotografias e perguntando sobre o bisavô poeta.

– Como ele conseguiu ganhar tantos concursos?
– Ele era um bom poeta – disse a mãe saudosa.
– Mas ficaram os livros, as medalhas, os troféus! – exclamou Diogo entusiasmado.

No dia seguinte, na escola, Guilherme e Diogo decidiram criar um blog.
Uma semana depois, ao voltar da escola, Marcelão pediu:
– Patinho Feio, você sabe fazer poemas com anáfora?
– O que é uma anáfora?
– Anáfora é repetição da primeira palavra em várias frases consecutivas. Por exemplo: O céu é bonito, o céu é azul, o céu está nublado...
– Já entendi. Eu não sabia que essa repetição se chamava anáfora.
– Você sabe fazer isso? – perguntou o irmão, e Diogo foi ao seu quarto e voltou com um caderno de poemas que ele mesmo tinha escrito.
– Vou ler, Patinho Feio, depois te devolvo.

Marcelão escolheu um poema, copiou no caderno e levou para a escola.



VER DE VERDE
Inspirado em Verde-negro de Mário Quintana

Verde
Ver de perto
Ver de longe
Ver de lado
Ver de trás
Ver de frente
Ver o verde
Perto da gente.

– Quem fez as tarefas? Quero ver os cadernos! – ordenou a professora.
Marcelão, contente, entregou o caderno. A professora leu e achou muito bom.

– Inspirado num poema de Mário Quintana? Marcelo, eu não sabia que você lia Mário Quintana. E o que pode dizer dele?

Marcelão ficou de pé, em silêncio. Todos os olhares para ele.

– Professora, o Mário Quintana foi extraordinário. Extraordinário! Um grande poeta, professora...

A professora ficou feliz com a resposta. Ela também admirava Quintana. Levou o caderno do Marcelão para a diretora. A diretora gostou do poema e o apresentou num
Concurso de Poesia para alunos do Ensino Fundamental.

Na segunda-feira, quando a professora entrou na sala de aula e solicitou para

Marcelão ir à diretoria, um murmúrio espalhou-se.
– O que fez desta vez, Marcelão? – perguntou seu amigo Roque.

Marcelão sentiu a boca seca. “Estou enrascado”, pensou. Quase desmaiou quando a diretora o parabenizou pelo poema. O poema era de Diogo, mas sabia que, se confessasse que tinha pegado o poema do irmão, seria castigado.

Dona Susana estava trabalhando na contabilidade da empresa quando recebeu uma ligação da escola. A própria diretora explicou que Marcelo havia ganhado um concurso de poesia. Dona Susana era uma mulher inteligente e conhecia os seus filhos. “Marcelão, escrevendo poemas? Hummm...”. Ela suspeitou imediatamente, mas não disse nada para a diretora.

À noite, depois do jantar falou:
- Marcelo, eu não sabia que você escrevia poesia.
Marcelão ficou sem jeito, não sabia o que dizer. “Eu... eu... eu...”, gaguejou.
– Você roubou os poemas do Diogo?
Marcelão negou várias vezes, mas por fim confessou que realmente tinha se apropriado dos poemas do Diogo.
– Eu precisava tirar 10 e... e... nunca pensei que o poema iria ganhar o concurso estadual. Isso complicou tudo, mãe.
– Você sabe o que é certo e o que é errado. Ninguém pode pegar o trabalho de outro. Fazer as tarefas da escola é sua responsabilidade, filho.
– Você vai ligar para a escola e dizer a verdade?
– Não, não sou eu quem deve ligar, pois não fui eu que peguei os trabalhos do Diogo. Você sabe o que deve fazer... e espero que faça o que é certo! – enfatizou a mãe.

Marcelão ficou pensando, pensando... sem atrever-se a tomar alguma atitude.

Duas semanas depois, os organizadores do concurso fizeram uma visita à escola. Todos os alunos, os pais, os professores, até a turminha do pré, todo mundo foi reunido no pátio. Um senhor de terno escuro e gravata fez o discurso. Por fim, o Marcelão e a mãe foram chamados ao palco. A diretora deu o microfone para ele. As mãos do menino tremiam.

Marcelão sorriu, meio envergonhado, e começou a ler o poema: “Verde. Ver de perto/ ver de longe...”. Fez silêncio. Olhou a mãe. Olhou os companheiros e disse:
- Desculpe, pessoal, eu não sou o poeta! Esse poema foi feito pelo meu irmão caçula, o Pati... Diogo. Diogo é o verdadeiro poeta da família. Eu sou esportista.
Comentários, murmúrios. A diretora ficou chocada. O homem de gravata que tinha feito o discurso mexeu a cabeça para os lados em sinal de reprovação.

A mãe solicitou o microfone e falou:
– Pessoal, meus filhos são todos esportistas, menos Diogo. Ele gosta de fazer poemas. Diogo não é esportista, mas é um poeta maravilhoso e estou orgulhosa dele.
– Também tenho orgulho do Marcelo – continuou – pois acho que Marcelão, como os amigos o chamam, foi muito valente ao confessar para vocês que o irmão é o autor do poema. Todos cometemos erros e, na minha opinião, o importante é ter a coragem de reconhecer os próprios erros.

Os alunos aplaudiram. A professora acompanhou Diogo ao palco. Aplausos novamente. Até o irmão Marcelão bateu palmas.

Assim foi como o Diogo, com oito aninhos, ganhou seu primeiro troféu, que está numa estante na sala da casa.

O Diogo falou para os pais:
Meu troféu está numa estante,
E sabem o que é mais importante?
Eu antes era um Patinho Feio,
Agora sou um poeta aplaudido no recreio.


***
Isabel Furini é palestrante e escritora, autora da coleção “Corujinha e os Filósofos”, da editora Bolsa Nacional do livro.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Revista ZK 2.0 da Espanha



Os autores do livro "Passageiros do espelho" foram entrevistados pela editora Zeltia G., para revista ZK 2.0, de Galícia, Espanha.

Veja no site:
http://www.zonakeidell.com/zk24/paginas/passageiros/

domingo, 20 de novembro de 2011

O presente (conto de Eliziane Pacheco)

Era aniversário de Felipe e sua mãe estava demorando a chegar. Da janela do seu quarto, ele cuidava ansioso cada carro que dobrava a esquina.

De repente percebe a mãe chegando. No banco de trás do carro havia uma caixa de papelão e para surpresa de Felipe a caixa parecia se movimentar!

Seu coração batia acelerado enquanto descia as escadas correndo. Sentia sua boca seca e mal conseguiu abrir a porta com sua mãozinha gelada.

Viu sua mãe carregar a caixa pelo caminho até o gramado úmido do quintal.
-Venha Felipe, venha até aqui, chamou a mãe.

-Agora sente-se e feche os olhos.

A mãe pegou a mãozinha do filho e colocou dentro da caixa.

-Tente adivinhar Felipe!

Felipe deslizou as mãos em um pelo macio, sentiu o calor de um pequeno animal, suas orelhas pontudas e ema cauda fina e pequena.

Percebeu que ele estava acordando e ouviu um chorinho. Ao mesmo tempo sentiu sua mão ficar toda molhada pela língua àspera do animalzinho. Havia um cheirinho de leite vindo da caixa.

-Mamãe! Que alegria!- Gritava o garoto enquanto abria os olhos e se deparava com um cachorrinho marrom com manchas brancas nas patas e na cauda.

-É o melhor presente do mundo!- Dizia Felipe correndo entre os arbustos do quintal com o cachorrinho no colo- Ele é mais lindo do que eu havia imaginado!
-Obrigado mamãe!

A mãe de Felipe então falou:
-Felipe, ele é apenas um filhote e vai precisar de muitos cuidados, alimentação correta, banhos e passeios.

Felipe sentiu que precisaria ser muito responsável para cuidar do seu novo companheiro, mas algumas lambidas no seu nariz lhe fizeram pensar que valeria a pena!

Eliziane Nicolao Lobo Pacheco é cronista e escritora de livros infantis.

domingo, 25 de setembro de 2011

MINHA BICICLETA












Tlim... tlim... tlim...
Ando de bicicleta,
sinto que sou grande
e não sou careta.

Tlim... tlim... tlim...
Ando pelas ruas,
ando pelo parque
na minha bicicleta.
Vou fazendo arte.

Tlim... tlim... tlim...
Um cachorro late,
eu avanço rápido,
pedalo e pedalo.
E quando acelero
sinto-me um herói.

Tlim... tlim... tlim...
Tlim... tlim... tlim...
Nada é melhor
que ser um ciclista,
sou um esportista,
eu sou o maior!

Poema de Isabel Furini
Ilustração de Marco Teixeira do Estúdio Teix -Fone: 3018-2732.

domingo, 11 de setembro de 2011

PATINHOS SAPECAS (Vamos contar até 10)






1 - Um patinho
nadava no lago,
veio um outro patinho
e começou a nadar a seu lado.


1+ 1 = 2

2 - Dois patinhos
nadavam no lago.
Chegou um amigo
e os convidou a navegar
em um barco construído
com papel de jornal.

2 + 1 = 3

3 -Três patinhos
passeavam de barco,
aproximou-se outro patinho
e viu o barco afundando.

3 + 1 = 4


4 - Quatro patinhos
nadavam e riam no lago.
Chegou mais um amigo
com uma bola de plástico.


4 + 1 = 5

5 - Cinco patinhos
brincavam no lago.

A bola vermelha ia e voltava
até cair na cabeça de um outro pato.
O pato estava sentado
num caminhão de brinquedo.


5 + 1 = 6

6 - Seis patinhos riam
e brincavam perto do lago
com um caminhão de brinquedo
que andava para cima e para baixo.

Um patinho voava sozinho,
desceu e os convidou a voar.

6 + 1 = 7


7 - Sete patinhos voavam,
voavam enfileirados sobre o lago.
Pertinho um do outro
e com muito medo de cair.

De repente enxergaram outro pato...
Ele voava rápido, muito rápido.
Bbbuuummm! Bateu nos patinhos
e todos caíram no lago.
7 + 1 = 8


8 - Oito patinhos nadavam no lago.
Um deles reclamou: – Voar é difícil.

– Nossas asas precisam crescer –
disse um patinho marrom,
enquanto se aproximava
brincando com um avião.


8 + 1 = 9


9 - Nove patinhos nadavam,
para frente e para trás.
Um pato cantor se aproximou dels
e disse: – Vamos cantar.






9+1 = 10

10 - Dez patinhos cantavam no lago.
Era um coro desafinado.
Uns cantavam baixo, outros alto;
uns cantavam rapidamente, outros, lentamente.
Uns cantavam com som de corneta
e outros cantavam com som de trombeta.



1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 -

As mães dos patinhos
escutaram seus filhos cantar.

Chegaram correndo: Um, dois e três,
quatro, cinco e seis, sete, oito, nove e dez.
– Estão todos aqui! – gritou contente
dona Pata para dona Patona.
Os dez patinhos haviam saído sem avisar
e de castigo foram dormir sem a janta.

1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 -

terça-feira, 6 de setembro de 2011

OS OLHOS DO CÉU

Era o vigésimo ano do Governo Correto. O Imperador de Jade Amarelo se regozijava em seu trono de ouro. Em um dia como tantos, das areias do deserto de Gobi, chegou um viajante com as vestes gastas, deteve-se ante o muro dos espíritos e contemplou os dezesseis dragões imperiais. Depois avançou entre as impecáveis colunas lisas e poligonais e solicitou que o levassem até a presença do Magnífico Imperador.

O ilustre Filho do Céu permitiu ao viajante se deleitar com sua presença, porque era orgulhoso e estava satisfeito com sua fama de misericordioso. O estranho ancião foi encaminhado para a ampla sala. Realizou as respeitosas reverências indicadas no ritual chinês, percorreu com o olhar os dezoito trípodes e por último observou o Dono das Cinco Regiões dizendo:

– Viajei pelo Reino do Norte, pelo Reino do Leste, pelo Reino do Sul, pelo Reino do Oeste e pelo Reino Médio. Todos te pertencem, oh, Grande Imperador. Mas após essa longa viagem, encaminhei-me ao zênite e por direito próprio converti-me em rei de mim mesmo. Então, aprendi a observar a flor que se abre ao sol e o voo dos pássaros. Aprendi a não desejar, a não planejar, a não me projetar ao exterior, a permanecer em mim mesmo e me converti no Imperador do Infinito.

O excelentíssimo Governador do Império Celeste mexeu-se intranquilo em seu trono sem poder ocultar seu desgosto. Compreendeu, nesse instante, que o velho possuía um império mais vasto que o seu. Sua mente se movimentou aceleradamente, como as lavas de um vulcão, como uma violenta tormenta de areia.

O Filho do Céu, o Imperador dos Cinco Elementos, pensou na sua fama. “O que será de mim quando os homens conhecerem o poder deste velho... Ainda que não seja o dono de um Império Infinito, sua atitude é comprometedora, e se suas ideias se espalharem, não mais me temerão”, pensou. O que fazer? Por fim, a mão fina e aristocrática fez um leve sinal. A Guarda Imperial se mobilizou e o ancião foi feito prisioneiro e executado naquele mesmo dia. Enquanto os soldados o arrastavam, deu um último olhar de compaixão ao poderoso Governador e aprofundou-se no seu silêncio interior.

Morreu sem sequer dar um grito, e somente uma mancha de sangue foi a testemunha de uma vida que se afastava.

À noite, depois de passear pelo jardim e contemplar a lua crescente refletida no lago, o Senhor do Império Médio se dedicou ao descanso. De repente, observou uma torrente de sangue que se deslizava por baixo da porta. O ilustríssimo Governador da China levantou-se rapidamente, como um raio tremendo em seu coração. Antes que pudesse gritar, da mancha de sangue elevou-se uma névoa que formou uma estrutura diferenciada e na qual o Imperador pode reconhecer... o velho viajante.

O velho sorriu com tristeza e disse:
– Honorável Senhor, não foste justo.
– Não, venerável ancião, eu não fui justo – respondeu com humildade. Seus joelhos tremiam, as mãos suavam e um nó parecia aninhar na sua garganta – mas quero que saibas que até então sempre fui justo.
– Ninguém te desafiou?
– Jamais – respondeu o Imperador com voz firme, recuperando-se do choque que lhe produzira a presença inesperada do velho.
– Meu governo se chama o Governo Correto. Admito que fui injusto por ter ordenado tua morte, mas amanhã irei ao Templo Ancestral e pedirei a meus antepassados a purificação por esse ato de impiedade.

– Ilustríssimo Imperador, cada um deve assumir suas próprias faltas e purificar-se a si próprio. Além do mais, senhor, nunca foste realmente justo. Todas tuas ações estão contaminadas.
– O que queres dizer?
– As tuas ações somente são boas em aparência.
– O que queres dizer, ancião?
– Tuas boas ações somente são boas em aparência.
– Como é possível? – perguntou atordoado.

– Oh, Filho do Céu! Tua intenção sempre foi egoísta. Com tuas ações procuras obter a fama do governante justo, mas nunca tiveste como objetivo o benefício de teu povo. Só estavas interessado em tua própria pessoa. Tu és superficial, egocêntrico e orgulhoso. Não és realmente bom. Com teus atos de aparente bondade buscavas beneficiar só a ti. Por isso ordenaste a minha morte. Teu coração não pode suportar a existência de alguém que seja livre, de alguém mais poderoso do que tu.
– Não compreendo, venerável ancião – disse mexendo a cabeça, com o olhar confuso – não consigo entender nem tuas palavras, nem tua presença.
– Talvez não queiras compreender, nobre Senhor. Eu era o encarregado de te revelar os mistérios do céu e de te dar o néctar da instrução. Não permitiste que eu cumprisse com meu dever... Agora não poderás cumprir corretamente o teu dever.

Uma nova luz espalhou-se pelo aposento real.
– Agora compreendo meu erro – confessou o Imperador – como poderei corrigir minha falta?
– Não será fácil, Senhor do Império Médio; não será fácil, Governador das Cinco Cores; não será fácil, Amo dos Cinco Animais Sagrados.
– Que devo fazer, Venerável Mestre? – perguntou num murmúrio. Ao pronunciar essas palavras, a voz do Imperador Celeste tremeu. Seus olhos negros se encheram de tristeza.
– Deves esquecer a tua fama, a tua condição, a tua glória. Deves ser tu mesmo. Cumprir teu dever, que é servir ao povo.

Ao dizer isso, a imagem do viajante começou a desvanecer-se, e o Imperador esqueceu sua glória, sua condição de aristocrata e gritou desesperado:

– Senhor, Mestre, preciso te ver.
– Aprenda a me ver em cada coisa. Eu estou em Tudo. Olhe minha forma verdadeira.

O Imperador das Cinco Regiões permaneceu atônito, contemplando a imagem do ser que havia reverenciado desde sua juventude. Diante dele estava Yu-Huang-Chang-Ti, o Supremo Imperador Augusto de Jade, o Senhor do Céu.

O sol avançava entre as nuvens quando o Imperador de Jade Amarelo acordou. Fez reunir na sala dourada todos os sábios conselheiros de seu reino e, ao narrar a causa de sua aflição, o mais velho lhe disse:

– Filho do Céu, vives dramaticamente centralizado na tua própria pessoa. Nosso venerado Yu-Huang-Chang-Ti, o Senhor do Céu, quer que te esqueças de ti mesmo e então ganharás o Império da Eternidade.

O Imperador de Jade Amarelo sorriu feliz e abriu suas portas interiores ao altruísmo. Então iniciou o Ano Primeiro do Governo Perfeito.

domingo, 4 de setembro de 2011

SACI PERERÊ

É muito engraçado o Saci Pererê, 

ele é corajoso - não teme ninguém.

Ele escova os dentes das piranhas 

e os dentes dos jacarés.

E quando uma jararaca se aproxima 

o Saci sibila: sssssssssssssssssssssssssssssssssss 

 

O Saci Pererê só tem uma perna 

ele tem cachimbo e um gorro vermelho,

gosta de cantar, 

gosta de dançar, gosta de pescaria 

e gosta de assobiar junto com o vento: 

fffiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuu

 

Poema de Isabel Furini. Ilustração de Marco Teixeira

sábado, 3 de setembro de 2011

O CARANGUEJO ROCKEIRO

Rafaelguejo e Rosanguejo eram um casal de caranguejos que vivia à beira mar, na praia de Matinhos, perto da casa de praia da avó Roberta. Eles tinham três filhos: Zecaguejo, Chiqueguejo e Alberguejo.

Alberguejo, o caçula da família, era o mais terrível dos três, sempre fazendo brincadeiras, importunava os vizinhos. Ele era muito mal visto na comunidade dos caranguejos porque gostava de jogar areia na casa dos outros. Costumava gritar “Fogo, fogo!” enquanto todo mundo almoçava e de cantar rock no horário em que todos estavam dormindo.




– Vai ter que dar um jeito nesse menino – disse um dia um vizinho – eu não consigo dormir.

– Ele gosta de brincar e cantar... Ainda é muito novo – falou a mãe.

– Quem quer morar nesta praia tem de respeitar o direito dos outros, como disse o prefeito Joãoguejo, bons cidadãos respeitam o sono dos outros.

– É muito novo, ele vai aprender – repetia a mãe

Em um dia de verão, o pai foi dormir depois do almoço e pediu para Alberguejo ficar na casa, pois tinha muitos turistas na praia. Alberguejo não obedeceu e enquanto estava pulando daqui para lá na areia, dois meninos, Ricardo e Florêncio, correram atrás dele. Florêncio colocou o pé e cobriu a entrada da casa de Alberguejo. O pequeno caranguejo ficou desesperado. Seu pai escutou ruídos e saiu por um corredor secreto que tinha na casa. Ao ver seu filho em perigo, foi socorrê-lo.

– Olha que grande esse! Vamos pegá-lo! – gritou Ricardo. Florêncio, rapidamente, aprisionou Rafaelguejo dentro de um grande frasco de vidro.

Rafaelguejo estava confuso, podia ver a praia, mas não conseguia sair – É meu fim, pensou, nunca mais voltarei a correr pela areia...

– Pobre papai. E tudo por minha culpa – chorava Alberguejo escondendo-se na sua casinha, muito assustado.

Nesse momento as crianças começaram a brigar.

– O caranguejo é meu – disse Florêncio.

– Não, ele é meu – gritou Ricardo – eu o vi primeiro.

– Mas fui eu quem o pegou – gritou Florêncio.

Assim brigando pela possessão do frasco, o vidro rolou contra uma rocha. Rafaelguejo sentiu uma explosão, e de repente... a liberdade. Começou a correr e, como era muito esperto, escondeu-se entre as rochas. Ele viu os meninos procurando-o, mas não saiu de seu esconderijo.

O pai das crianças aproximou-se e quando soube do acontecido disse:

– Viram? Vocês brigam demais, não sabem cooperar e perderam o caranguejo. Agora deixem esses bichos em paz e vão brincar na água.

Naquela noite todos os caranguejos reunidos entre as rochas escutaram Rafaelguejo contar sua terrível aventura.

– Fujam sempre dos vidros! – exclamou Rafaelguejo – são perigosos.

Alberguejo, chorando, pediu perdão ao pai – Foi minha culpa, pai. Você poderia ficar prisioneiro ou ser morto porque eu não obedeci ao senhor. Desculpe, pai.

– Ele é um safado! – gritou uma vizinha – não me deixa dormir.

– E joga areia na casa dos outros – apoiou-a outra vizinha.

– Ele coloca em risco toda a comunidade dos caranguejos! – gritou alguém subindo no alto de uma rocha.

A vizinhança toda reclamava. Alberguejo sentiu que o bairro não gostava dele e ficou muito triste. Seu pai falou:

– Alberguejo, eles só reclamam de sua falta de sensibilidade para com a necessidade dos outros. Você pode se divertir, mas eles precisam dormir. Sua diversão não pode atrapalhar a vida dos outros

Alberguejo começou a pensar nas palavras do pai e foi mudando de comportamento.

Chegou a época de Alberguejo trocar sua casca por uma nova e maior. Um dia a casca rachou pelos lados, Alberguejo conseguiu sair colocando primeiro as pernas para fora. Então decidiu que já havia chegado o momento de conhecer o mundo. Deitado na areia cruzou suas dez pernas em sinal de preocupação.

Sua mãe aproximou-se:

– O que aconteceu, filho?

– Eu já estou crescido e sonho ser um cantor de rock. Vou deixar esta praia, viajar e conhecer o mundo.

A mãe chorou muito, mas o pai disse que Alberguejo já estava crescido e tinha o direito de tomar as próprias decisões.

– Respeite os outros e evitará problemas – disse o pai para Alberguejo.

Alberguejo se uniu a uma banda de rock e foram à Praia da Diversão para tocar música. Lá ninguém reclamava dele, pois Alberguejo aprendeu que tudo tem seu momento e seu lugar.

(Conto de Isabel Furini publicado em "Bondinho dos Livros" - blog do Bonde News).

terça-feira, 30 de agosto de 2011

DANÇARINO


DANÇARINO SEM IGUAL



“- Você é um  dançarino sem igual”,
disse a Macaca ao Porco Espinho.
Logo, comenta com o Condor
 “-  Eu preciso de um doutor...
Ele é um incrível dançarino,
dança e espalha seus espinhos.”

E a Tartaruga Gigante,
muito autoconfiante, comentou:
- Eu dancei com o Jacaré
e ele mordeu minha carapaça!
Para ele foi uma desgraça
ele não teve cautela,
e agora ficou banguela,
não sei como vai comer...
Coitadinho o Jacaré!

E o Jacaré chorando balbuciou:
- E agora o que comerei?
Não tenho um dente sequer...
Agora fiquei banguela
terei que comer mortadela
e purê de berinjela.


domingo, 28 de agosto de 2011

O MACACO LEITOR



O macaco está alegre todo dia,
pula e brinca,
bate palmas e assobia,
come banana e amendoim,
mas antes de dormir
realiza a leitura
de algum livro infantil.

Texto de Isabel Furini
Foto e edição de Carlos Zemek - http://conectou.net/

domingo, 21 de agosto de 2011

O LIVRO MÁGICO DO JOÃOZINHO




Tudo aconteceu no mês de outubro, quando Joãozinho recebeu um livro de presente. Era um livro encantador. Uma aventura incrível. O livro era tão, mas tão bom, que Joãozinho não conseguiu sair dele. Conseguiu fechar o livro, sim, mas permaneceu preso nas páginas. Nos dias seguintes sentiu-se estranho. Enquanto uma parte dele ia para a escola, brincava com os amigos, jogava futebol, a outra parte... estava no livro. Só pensava nas aventuras, só queria conhecer a terra das bruxas das vassouras vermelhas, enfim, era muito estranho mesmo.

Para entender o segredo, Joãozinho decidiu que era o momento de uma releitura. Na tarde de sábado abriu o livro e novamente ficou encantado. Perdeu-se no caminho das bruxas, e de repente, escutou o chamado de sua mãe. Tentou ir, mas não conseguiu sair do livro.

Hahaha! A bruxa de cabelo vermelho, montada numa vassoura de palha vermelha, riu. Agora você é meu! Hahaha! Joãozinho escutou a porta abrir. Mamãe, mamãe – gritou. Sua mãe olhou, só viu o livro sobre a cama, fechou a porta e continuou chamando o filho.



A bruxa Ernestina perseguiu Joãozinho por tantos lugares! O menino se escondeu em um guarda-chuva, e a bruxa bateu apontou com sua varinha. Plimmm plummm, o guarda-chuva quebrou. O menino correu e se escondeu num armário, mas a bruxa encostou sua varinha e, ploct, ploct, as portas do armário se abriram. O menino ficou prisioneiro nesse mundo paralelo. Ele só queria voltar para casa, mas a bruxa não o deixava. Pobre do menino! Tinha que varrer o chão, lavar as xícaras de chá, os pratos e os cinzeiros, porque a bruxa fumava até três cigarros ao mesmo tempo. Colocava um cigarro no canto direito da boca, outro no lado esquerdo e outro ainda no centro da boca. Jogava toda a cinza no chão! Joãozinho era obrigado a limpar o tapete da sala. Nesse lugar não havia onde brincar, não! Nem havia com quem brincar. A bruxa morava sozinha. Bom, morava com um corvo, mas esse bicho não era muito simpático.



Esse corvo não gosta de mim – pensava Joãozinho.

Até que um dia a bruxa solicitou, iriam até a cidade para comprar mantimentos. Joãozinho ficou no assento de trás do carro pensando, pensando. Quando chegaram ao mercado, enquanto a bruxa comprava repolhos, Joãozinho fugiu e foi até a prateleira de livros que estava bem ao lado das estantes de cadernos. Abriu um livro e fugiu para uma história muito simpática de uma vovó que molhava as plantas, então um vento forte sacudiu o livro... Nesse vento Joãozinho viu a bruxa. Ela levantou a sua varinha, falou algumas palavras mágicas e o menino voltou para a floresta.

Ele tinha que trabalhar no casarão velho e úmido e, como castigo, era fechado no sótão toda noite. Ele escutava a chave. A bruxa girava duas vezes na fechadura. Joãozinho tinha medo e não conseguia nem dormir direito. Quando ele olhava para fora da pequena janela só via o bosque. Uma vez viu o corvo espiando-o. Joãozinho começou a chorar. O corvo se aproximou da janela e bateu com as asas. Joãozinho, esfregando os olhos, foi até a janela e abriu.

– Tadinho! Você deveria estar brincando, não trabalhando... Não tem idade para trabalhar ainda – disse o Corvo.

Joãozinho sorriu, por fim podia falar com alguém, ainda que fosse um bicho.

– Eu brincava muito quando vivia na minha casa, lá num bairro da cidade de São Paulo.

– A bruxa foi até lá e te sequestrou?
– Sequestrar?
– Sim, te trouxe à força, você não queria e ela te obrigou...
– Não, não. Na realidade foi um livro que me sequestrou.
– Um livro?

Joãozinho contou o acontecido para o corvo e o bicho, muito esperto, disse que havia uma solução e murmurou algo no ouvido do garoto.

Uma semana depois quando novamente foram ao único mercado do povoado onde vendiam de tudo, de lápis a tapetes, de repolhos a lâmpadas, muitos e muitos produtos, Joãozinho esperou a oportunidade em que a bruxa estava escolhendo cuidadosamente os repolhos, porque gostava muito de repolhos, e queria-os bem verdes, com folhas grandes, e então ele correu até a estante onde dizia “Papelaria”, pegou um lápis, abriu um caderno e escreveu: “Quero voltar para minha casa”.

Quando abriu os olhos, estava na sua casa.
– Oba! – gritou.

Escutou a sua mãe chamar: Joãozinho, Joãozinho, onde você esteve a tarde toda? Joãozinho entendeu que a dimensão dos livros é diferente do tempo humano. Uma hora para uma criança é tempo suficiente para tomar banho e tomar o café da manhã antes de ir à escola. Já no mundo mágico dos contos, uma hora de leitura pode levar uma criança para o mundo das bruxas, das fadas, dos bichos e outros.

– Desça para tomar um lanche e depois tem que fazer as tarefas. Traga o seu caderno.

Joãozinho pegou o seu caderno novo, que sua mãe havia comprado na papelaria da esquina para as aulas de português na semana anterior, e sorriu. Sim, o caderno estava em branco. Só dependia do menino escrever coisas belas ou ruins, dependia domenino fazer bons trabalhos. Lembrou-se da vovó, ela sempre dizia que um caderno é como a vida, você tem chances de fazer coisas boas.

Joãozinho levantou-se, foi até a porta, passou pelo corredor e chegou à sala. Lá abriu o caderno e viu uma frase que a professora havia escrito no quadro e ele mesmo havia copiado no caderno: Redação “Quero voltar para minha casa".


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O BONDINHO DOS LIVROS




O Bondinho dos livros
anda e anda sem parar
escreve belas histórias
que você vai adorar.

O Bondinho é colorido,
o bondinho é engraçado,
leia sempre nosso blogue
e não fique encabulado

de inventar seu próprio conto,
de fazer belos poemas,
porque o Bondinho deseja
que você leia e aprenda.

Poema de Isabel Furini
Ilustração de Willian Lentz

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A FUINHA E A GALINHA


A galinha
do galinheiro
da vizinha
aproximou-se da fuinha.

A fuinha
tinha
fominha.

A ladainha,
 entrelinha 
campainha
da andorinha
alertou a Marinha,
madrinha da vizinha.

Marinha
com a sombrinha
bateu
na barriga
da fuinha,
que queria
comer a galinha.

A fuinha
fugiu!
A Marinha
salvou a galinha.

Isabel Furini é escritora e palestrante, autora da coleção “Corujinha e os filósofos”, da editora Bolsa Nacional do Livro. Ministra oficinas e palestras para futuros escritores. Contato (41) 8813-9276, e-mail: isabelfurini@hotmail.com

BICHOS DO MAR (poema)




Numa cidade marinha
morava uma jovem Sardinha.

Era cidade de artistas,
cantores, bailarinos e malabaristas.

Os Golfinhos dançavam,
as Baleias cantavam,
o Caranguejo tocava a bateria.
Bum!Bum! Que barulhão fazia!



A Estrela de Mar tocava a lira
e a Foca cantava ópera.




A Sardinha não sabia cantar nem dançar.
Coitada da Sardinha! Não achava o seu lugar.

Um dia chegou uma Lagosta
(era uma velha lagosta fotógrafa)
e trazia uma câmera à prova de água.

A Lagosta ensinou a Sardinha
a tirar belas fotografias.

A Sardinha foi nomeada fotógrafa marinha
e falou com alegria: Agora encontrei o meu lugar
e vou fotografar os bichos do mar.

Isabel Furini é escritora e palestrante, autora da coleção “Corujinha e os filósofos”, da editora Bolsa Nacional do Livro. Ministra oficinas e palestras para futuros escritores. Contato (41) 8813-9276 -e-mail: isabelfurini@hotmail.com
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